NUTTER (1979), na Grã-Bretanha, descreve o primeiro caso de aparecimento de urticária após contato com luvas de borracha em uma dona de casa. Em 1980, FÖRSTRÖM descreveu o primeiro caso de urticária de contato por luvas cirúrgicas de látex em uma enfermeira de centro cirúrgico, que exibia simultaneamente sintomas de rinite e edema de pálpebras.
O grupo de indivíduos com alto risco para a hipersensibilidade do tipo I ao látex por exposição continuada ou freqüente a produtos de látex como luvas, cateteres, drenos, máscaras e tubos de anestesia inclui trabalhadores da área da saúde, pacientes com espinha bífida, com anormalidades no trato geniturinário (MONERET-VAUNTRIN & BEAUNDOVIN, 1993; NIGGERMANN et al., 1998), aqueles que foram submetidos a vários procedimentos cirúrgicos (LEBENBOM-MANSOUR et al., 1997), além de trabalhadores da indústria da borracha e indivíduos atópicos (KORNIEWICZ e KELLY, 1995).
Em estudos internacionais é descrito que a prevalência na população geral atópica é em torno de 1% (SUSSMAN & BEEZHOLD, 1995; WARSHAW, 1998). Contudo, através de estudos na população geral, a prevalência de IgE antilátex tem sido estimada entre 3,5% e 6,4% (OWNBY et al., 1996; SENNA, et al., 1999). LEBENBOM-MANSOUR et al. (1997), estudaram 996 pacientes cirúrgicos ambulatoriais e encontraram 6,7% de indivíduos com anticorpo específico ao látex através de análise sorológica.
A maior parte dos estudos entre trabalhadores da saúde estima entre 2% a 17% a hipersensibilidade do tipo I ao látex. Essa variação pode ser devido às diferenças nos métodos ou reagentes empregados para estimar a prevalência nestes estudos, diferenças nos critérios de seleção dos sujeitos bem como diferenças nos grupos estudados (WARSHAW, 1998). Em estudos europeus a prevalência de positividade pelo TCP ao látex variou de 0,9% a 10,8%. Na França, a prevalência obtida de hipersensibilidade do tipo I ao látex foi de 10,7% entre enfermeiros de centro cirúrgico (LAGIER et al., 1992). VANDENPLAS et al. (1995), na Bélgica, encontraram 4,7% de sensibilização alérgica do tipo I ao látex. HANDFIELD-JONES (1998), estudando 53 trabalhadores desse grupo de risco em um hospital britânico, encontrou prevalência de alergia ao látex do tipo I de 0,9%, pelo TCP com extrato de luvas. JÁ SMEDLEY et al. (1999), realizando testes cutâneos por punctura e sorológico em 59 trabalhadores da saúde, encontraram prevalência de 3,3%. GALOBARDES et al. (2001) encontraram sensibilização alérgica do tipo I ao látex de 10,8% no grupo de expostos e 6% no grupo de não expostos em um hospital na Suíça.
Estudos americanos e canadenses mostraram taxas elevadas de prevalência de sensibilização alérgica do tipo I ao látex, variando entre 6,2% a 30%. HUNT et al. (1995), encontraram 30% de sensibilização alérgica do tipo I ao látex em 342 trabalhadores da saúde com sintomas ao uso de luvas de látex, em um hospital americano. GRZYBOWSKI et al. (1996), encontraram 8,9% de indivíduos com IgE antilátex em 741 enfermeiros voluntários, sendo que 3,6% tiveram resultado fortemente positivo. LISS et al. (1997), no Canadá, obtiveram 12,1% de prevalência em 1.351 trabalhadores da área hospitalar pelo TCP, sendo mais alta entre os trabalhadores do laboratório (16,9%), enfermeiros e médicos (13,3%) do que no restante da população estudada. BROWN, SCHAUBLE, HAMILTON (1998), através de análise sorológica determinaram a prevalência de 12,5% de hipersensibilidade do tipo I ao látex entre anestesistas e enfermeiras anestesistas, sendo que 2,4% dos indivíduos apresentavam sintomas clínicos e 10,1% não. WATTS et al. (1998), através do teste de punctura dérmica encontraram prevalência de 14% de hipersensibilidade do tipo I ao látex entre trabalhadores de unidade de cuidados intensivos. PAGE et al. (2000), determinaram a prevalência de 6,2% de sensibilização ao látex, estudando a presença de IgE antilátex em 531 trabalhadores da saúde.
Para LEUNG et al. (1997), na China, através do estudo de TCP a prevalência encontrada de hipersensibilidade do tipo I ao látex foi de 6,8%.
Há poucos estudos que descrevem a hipersensibilidade do tipo I ao látex nos países da América do Sul. Em investigação sorológica na Argentina, envolvendo 249 pacientes atendidos em um hospital de ensino, a prevalência encontrada foi de 17,3% em trabalhadores da saúde (17/98) e o restante dos pacientes estudados correspondeu a 21,2% dos sensibilizados (32/151) (DOCENA, et al., 1999). GELLER, PAIVA, GELLER (1997), no Brasil, apresentaram o primeiro estudo brasileiro epidemiológico controlado de alergia ao látex, estudando 50 profissionais da área cirúrgica de um hospital metropolitano do Rio de Janeiro e encontraram 6% de sensibilização alérgica, através do TCP. Todos os casos de testes positivos apresentavam história pessoal e familiar positiva para atopia e alergia de contato ao látex. LOPES & LOPES (2000) descreveram três casos de trabalhadores da saúde do CAISM que apresentavam sintomas clínicos fortemente sugestivos de alergia do tipo I ao látex, sendo que para estes trabalhadores foram oferecidas luvas de vinil para o trabalho. LOPES, BENATTI, ZOLLNER (2004) encontraram 8% de sensibilização alérgica em trabalhadores da equipes de enfermagem e médica de uma UTI neonatal do CAISM/UNICAMP através do TCP e sorológico.